sábado, 14 de fevereiro de 2009

A vocação de ser Escuteiro

Pére Sevin
Jesus fala:

Tu és meu amigo, não mais meu servidor:
meu amigo porque Eu te dei a conhecer,
mais que a outros, os segredos do Pai.
Tudo o que tens, recebeste-o.
De Mim.
Tudo o que és, é-lo por Mim.
Não foste tu que Me escolheste para teu Deus,
fui Eu que te escolhi.
Escolhi a tua alma entre todas as almas,
as possíveis e as que jamais existirão:
Criei-a e dei-lhe um corpo.
Escolhi-te, entre todos os homens, para te fazer cristão.
E entre todos os cristãos, para te fazer Português.
E entre todos os portugueses, para te fazer Escuteiro da Europa.

Pensa nos milhões de incrédulos que jamais serão cristãos
e morrerão sem saber que fui morto para eles.
Pensa em todos os cristãos que não têm
a felicidade de serem filhos do Reino muito cristão
e de descender espiritualmente de Santo António
e do Beato Nuno de Santa Maria.
Pensa em todos os rapazes de Portugal que não têm a sorte de serem Escuteiros
– a graça de serem Escuteiros.

Crês que és Escuteiro porque quiseste sê-lo.
Na verdade, digo-te,
fui Eu que te elegi em segredo
e que preparei todas as coisas para que o fosses.
Porque é uma eleição,
pois que os Meus Escuteiros são uma elite.

Eu te elegi, Eu te destingui, Eu te escolhi.
E tal é o resultado da minha predilecção, da minha dilecção.
Eu amei-te gratuitamente. Tu não estás aí para nada.
Eu te escolhi, e tal é o mistério do Meu amor,
E o Meu amor faz bem as coisas.

“Se o Senhor não é o arquitecto, é em vão que os pedreiros trabalham.
Se o Senhor não está de guarda, é em vão que os sentinelas vigiam as vertentes da cidade.
E, se o Senhor não está embarcado, é em vão que se fatigam os remadores.”

Que quer dizer Chefe ou Chefe de Patrulha,
se sem Mim nada podes fazer.
Vê, Meu caro Escuteiro, os meios de Deus e os meios do homem,
e aprende a não te confiares senão ao sobrenatural.

Apressei os Meus discípulos a lançarem-se ao mar,
e a Me precederem na outra margem do lago.
Depois a noite caiu e sozinho retirei-Me para o monte, para orar.
Não era por Mim que rezava,
mas pela minha pequena patrulha,
a minha primeira patrulha,
meus apóstolos e meus escuteiros que nessa noite,
foram como que os meus escuteiros marítimos. E Eu rezava.

Eu te escolhi, a ti e aos teus irmãos escuteiros,
e vos institui, a fim de que fosseis,
que tivésseis uma vida fecunda e frutuosa,
e que algo haja mudado porque passastes pela Terra.
Como uma boa videira, tu deves produzir fruto.
E é preciso que este fruto desenvolva.
— Algo mudado — para melhor— porque há um escuteiro na escola ou na oficina.
— Algo mudado porque há um escuteiro no quartel.
— Algo mudado porque há um escuteiro em casa.
— E na paróquia, e na cidade, e na pátria, e na Igreja, se os Meus escuteiros são o que devem ser — e porque não o serão? — deve aí haver algo mudado para melhor: mais concórdia entre os cidadãos e mais fervor na Paróquia; Mais prosperidade na Pátria e, na Minha Igreja, mais santidade.
E estas maravilhas não serão operadas sem a oração.

Mas, para aí chegares, tudo o que pedirás a Meu Pai em Meu nome, Ele to concederá.

Tradução do francês e adaptação às circuntâncias (Carlos Alves, 1996)
in Mèditations Scoutes sur l’Évangile (Paris, 1946)