sexta-feira, 9 de junho de 2006

Eis-me onde nunca esperava estar

É verdade, apesar desta vaga de blogomania com que sempre tenho convivido e da insistência de alguns dos meus formandos, sempre fui resistindo até que, ao tentar comentar um post de um blogger amigo, me vejo "obrigado" a participar na blogosfera.

Certamente não permanecerei por muito tempo, pois estou certo que tudo o que possa dizer serão provavelmente "lugares comuns". Abandonarei logo que sinta "só estar a ocupar espaço".

Espero que alguém se esteja a perguntar porquê "Pentwall". O título deste blog é acima de tudo uma homenagem a quem muito aprecio – Baden-Powell. O seu génio levou-o a escrever vários livros e, após a fundação do escutismo, todos eram ciosamente "devorados" pelos rapazes. Ciente disso, quando em 1937, publicou Aventuras Africanas, intitulou o texto de introdução ao seu livro por "Pentwall" e a seguir explica:

Não procureis no dicionário "Pentwall": não a ides encontrar. Esta palavra não quer dizer absolutamente nada. Mas achei que ela vos despertaria a curiosidade.
Se eu tivesse chamado "Prefácio", muito provavelmente teríeis voltado a página: há pouca gente que leia os prefácios!
No entanto, quero evitar-vos o incómodo de percorrer o meu livro para vos inteirardes do que contém. Sabei que ele relata os incidentes e impressões da minha recente viagem à volta da África, e, entre outros, tem por fim encorajar o leitor – particularmente os jovens e, sobretudo, os exploradores – a viajar. Sabei-lo, a vida é curta; mesmo assim muita gente a desperdiça transformando-se em "vegetais", quer dizer, gente que está agarrada ao lugar que os viu nascer; estes legumes, tão pouco estão satisfeitos, ou satisfazem, como poderiam, se deambulassem um pouco do tempo que lhes é dado passarem por este mundo terreno, podendo assim adquirir esta amplitude de visão, esta compreensão que faz crescer a alma no indivíduo, a paz e a boa-vontade no mundo.
Eis-vos advertidos: cabe-vos agora decidir se quereis continuar a vossa leitura ou pôr de lado este livro.

Traduzido do francês Aventures Africaines, Delachaux & Niestlé, S.A., Paris, 1946 (?), p. 3.

Pois bem, eis porque escolhi esta palavra para título. Não quero dar o incómodo da leitura a quem não se identifique com os meus interesses. A quem não queira partilhar desta pretensa "amplitude de visão".
Espero que o bom senso e educação sejam sejam apanágio de todos os que queiram participar neste blog.

Antes de "postar", ocorre-me: – Deus está do meu lado!
Depois, concluo: – Afinal, não está do meu lado, mas à minha frente; eu tento ir no Seu encalço, mas não consigo evitar o meu ziguezaguear.

3 comentários:

Maria de Lourdes Beja disse...

Sua aluna Mª de Lourdes percebeu que está a " empurrá-lo" para esta odisseia do blog.Só tenho que pedir-lhe desculpa de o ter feito ir até onde nunca esperava,como disse.Estou envergonhadíssima,mas o Senhor é exageradamente modesto quando se põe a dizer logo à entrada que promete retirar-se.
Já viu que, sem si, eu também não estaria aqui ?...

Maria de Lourdes Beja disse...

Com que então, caro professor, é só mandar os alunos trabalhar e o senhor não dá o exemplo ? Dizia Platão que o sábio só fala quando tem qualquer coisa para dizer enquanto o néscio diz qualquer coisa só para falar.Será que o professor se resguarda por ser sábio e esta mísera aluna anda para aqui a fazer o papel de néscia ?

Maria de Lourdes Beja disse...

Felicito-o pela maneira como decidiu finalmente alinhar com os variadíssimos bloggers que vagueiam como astros por estes céus da net! Apresentou-se com um forma e umas cores muito bem escolhidas,personalizadas, e depois o seu leit-motiv é sedutor e acho que vai encontrar ecos por aí,porque ainda não me dei conta de que esse tema do escutismo tenha sido abordado e ele merece sê-lo.Bons êxitos,Professor !